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Kéfera: 'Sempre quis ser uma atriz respeitada. Nem sucesso explosivo na internet me fez desistir disso'

Pioneira na influência digital no Brasil explica como investiu na carreira de atriz, dá detalhes de sua atuação no último projeto de Jô Soares e anuncia estreia da peça que escreveu sobre a sua vida

Entrevista|Eduardo Marini, do R7

Kéfera: do pioneirismo na influência digital ao sucesso como atriz
Kéfera: do pioneirismo na influência digital ao sucesso como atriz Kéfera: do pioneirismo na influência digital ao sucesso como atriz

É difícil encontrar um adolescente ou jovem brasileiro que não saiba quem é a atriz Kéfera Buchmann de Mattos Johnson Pereira, ou apenas Kéfera. Essa curitibana de 29 anos e 1,65 metro de altura foi umas das pioneiras da influência digital no Brasil ao se tornar a primeira mulher da América Latina a reunir mais de 1 milhão de seguidores no YouTube, em 2010, aos 17 anos, com seu canal de vídeos 5inco Minutos.

Kéfera lançou o canal na esperança de que ele funcionasse como ferramenta na conquista de seu grande sonho: uma oportunidade para se tornar uma atriz conhecida e respeitada. A coisa estourou, bateu nos 12 milhões de seguidores e ela chegou lá.

Atualmente, está no elenco da peça Gaslight – Uma Relação Tóxica, baseada no texto escrito em 1938 pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton e que foi o último trabalho de Jô Soares, que adaptou, traduziu em parceria com o jornalista Matinas Suzuki Jr., e cuja montagem dirigiu. A peça ficará em cartaz até 16 de outubro no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

Kéfera tem três livros lançados. Juntos, os dois primeiros (Muito Mais do que 5inco Minutos e Tá gravando. E Agora?) venderam mais de 660 mil exemplares. Promete lançar o quarto em 2023. No cinema, protagonizou dois longas-metragens: É Fada e Eu Sou Mais Eu, disponíveis na Netflix. Integrou o elenco da série ganhadora do Emmy Internacional Ninguém Tá Olhando e, em 2021, criou a série O Cérebro, exibida em seu canal no Instagram.

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Não bastasse, ainda arrumou tempo para escrever, produzir, dirigir e atuar na peça de tragicomédia autobiográfica É F…, onde ela detalha sua caminhada até conseguir espaço como atriz utilizando recursos de teatro, audiovisual, música e dramaturgia. A peça terá apresentação única no Teatro Casa Grande, no Rio, no dia 6 de outubro e ficará no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, de 12 de outubro a 2 de novembro.

Nessa conversa com o R7 ENTREVISTA, Kéfera fala, entre outras coisas, sobre o trabalho nas duas montagens, Jô Soares, carreira e desejos profissionais futuros. Cena aberta. Acompanhe:

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Como foi o encontro com Jô Soares e como se sentiu na temporada no último projeto dele, a peça Gaslight – Uma Relação Tóxica?

Kéfera - Infelizmente o Jô se foi. Ele mesmo falava que não tinha medo da morte, mas de deixar de ser produtivo. Mesmo porque morrer vamos todos um dia. Jô era a generosidade em pessoa. Inclusive comigo. Tive a honra de ser entrevistada por ele no programa em 2015. Saí do estúdio chorando porque era um sonho desde sempre e achei que meu desempenho foi ruim. O pessoal da produção me viu chorando, falou para o Jô. Ele me ligou depois e disse: “Você foi ótima, deixe de bobagem, todo mundo gostou, pare de pensar essas coisas”. Jô morreu uma semana antes do ensaio presencial que iríamos fazer com ele. Mas, de onde estiver, deve estar feliz com o resultado da peça.

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Liguei para o produtor do Jô e disse%3A 'Sou Kéfera Buchmann%2C atriz. Quero deixar meu contato para%2C se for possível%2C ter a oportunidade de trabalhar um dia com vocês'. Dias depois o produtor me ligou chamando para um teste. Fui e fiz. Em seguida%2C ligou dizendo que Jô mandou avisar que também queria trabalhar comigo. Foi sensacional. Um pouco de coragem%2C cara de pau ou as duas coisas

(KÉFERA BUCHMANN)

Como foi o convite para participar de Gaslight?

Olhe, alguns falam que é coragem e outros, cara de pau. Acho que é uma mistura dos dois (risos). Estava começando os contatos para viabilizar minha peça. Liguei para o teatro em busca de informação sobre o período que poderia reservar. O administrador me disse que precisava olhar com cuidado porque tinha uma negociação para a temporada de uma peça do Jô. Eu perguntei: “Quer dizer que vai ter peça ligada ao Jô?” Ele disse que sim. Não perdi tempo. “Você pode me passar o telefone do produtor?”, pedi. Liguei para o produtor e disse: “Sou Kéfera Buchmann, atriz. Vamos trabalhar no mesmo teatro. Quero deixar meu contato para, se for possível, ter a oportunidade de trabalhar um dia com vocês”. Dias depois o produtor me ligou chamando para um teste. Fui e fiz. Em seguida, o produtor me ligou dizendo que Jô mandou avisar que também queria trabalhar comigo. Foi sensacional.

À direita, com o elenco de 'Gaslight': alegria e saudade de Jô Soares
À direita, com o elenco de 'Gaslight': alegria e saudade de Jô Soares À direita, com o elenco de 'Gaslight': alegria e saudade de Jô Soares

O público recebe bem o texto?

Sim, e se diverte muito, apesar da seriedade do assunto relação tóxica. O Jô definiu que a peça teria um prólogo para posicionar melhor o público, explicar a coisa. O diretor pediu para eu apresentar esse texto, o que me honrou muito. E claro, o fato de ser o último projeto do Jô adiciona uma atmosfera, uma emoção a mais em todos, da produção ao público, passando, evidentemente, por nós, atores.

E a peça que você escreveu, dirigiu e em que vai atuar? Como ela é quando será a estreia?

É F... é uma tragicomédia, uma paródia sobre a minha trajetória. A peça destaca momentos da minha carreira. As angústias e questionamentos como atriz em busca de reconhecimento do público e dos formadores de opinião para além da imagem da menina que estourou na internet. Escrevi o texto, atuo e faço a direção. Cenário, figurino, iluminação, tudo tem opinião minha. O título da peça é uma brincadeira com o filme É Fada, que fiz e está disponível na Netflix. A peça é uma experiência imersiva, que traz reflexões existencialistas, sem deixar de lado o bom humor. Terá apresentação única no Teatro Casa Grande, no Rio, no dia 6 de outubro, e ficará no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, de 12 de outubro a 2 de novembro. Na maior parte, o texto é um monólogo com esquetes de situações e gêneros variados, que envolvem ansiedade, correria da vida adulta e crise na faixa dos 30 anos.

Quando não estou trabalhando eu gosto de... trabalhar. Digo isso porque nessas horas estudo teatro%2C leio sobre o tema e vejo séries e filmes%2C sempre ligada para avaliar atuações e outros detalhes da produção e do trabalho cênico. Então%2C na prática%2C eu não trabalho trabalhando

(KÉFERA BUCHMANN)

Você foi corajosa ao dar um tempo nas carreiras de influenciadora e youtuber para investir nas artes cênicas, a sua paixão?

Quando voltei da primeira aula de teatro, na adolescência, aos 15 anos, disse para minha mãe que meu desejo na vida era ser atriz. Descobri naquele dia e, de lá para cá, sempre tive certeza disso. Cansei de esperar a sorte bater na minha porta neste lado e, mesmo com o sucesso na internet, resolvi construir os meus caminhos. Por isso dei um tempo no universo digital e resolvi escrever, dirigir e produzir a peça, além de oferecer meu trabalho a outros projetos, como foi no caso da Gaslight. Escrevi minha peça em quatro dias. No primeiro, fui da meia-noite às 10 da manhã. Direto. O texto mostra os bastidores dessa trajetória. E resgata a decisão de me concentrar cada vez mais na minha carreira de atriz. Tenho sorte porque o público que fiz é muito fiel. Me dá apoio nas decisões.

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?

Trabalhar (riso). Digo isso porque nessas horas estudo teatro, leio e vejo séries, sempre avaliando atuações e outros detalhes do trabalho cênico. Então na prática eu não trabalho trabalhando entende? Ao contrário do meu comportamento em cena e na internet, sou introspectiva e concentrada nesses momentos particulares. Tudo o que não estudava de matemática no colégio agora me dedico a teatro, cinema, interpretação. Gosto muito de ler, estudar e acompanhar séries e filmes à noite e de madrugada.

O que você gostaria de fazer nas profissões que ainda não fez?

Tenho muita vontade de fazer papéis mais densos. Psicopata, serial killer, psicóloga, analista… Personagens que me exigiriam pesquisa, estudo, laboratório. Quanto maior o desafio, mais empolgada eu fico. Precisarei entender como essas pessoas se comportam. Passei um pouco por esses temas na série sobre o cérebro que fiz na internet durante a pandemia. E também de fazer trabalhos internacionais com atriz. Agora, com todas essas empresas e fundos produtores de streaming, isso é bem possível. Veja a quantidade cada vez maior de atores e diretores brasileiros envolvidos nesses projetos.

Bons desafios futuros.

Muito obrigada.

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