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Campbell: 'Flordelis é uma grande mentira nacional. Como mãe, pastora, deputada e evangélica'

Biógrafo revela detalhes estarrecedores de vida e da trajetória da pastora autointitulada. 'Aquilo não era família, e sim organização criminosa, sem qualquer relação materna, paterna ou fraterna'

Entrevista|Eduardo Marini, do R7

Campbell descreve a farsa montada por Flordelis com detalhes impressionantes
Campbell descreve a farsa montada por Flordelis com detalhes impressionantes Campbell descreve a farsa montada por Flordelis com detalhes impressionantes

“Flordelis é um grande engodo, uma grande mentira, um embuste nacional. Como mãe, pastora, deputada e cidadã com compromissos evangélicos. Só não o foi como cantora porque, efetivamente, cantava bem”.

Essa é apenas uma das conclusões do jornalista e escritor paraense ao concluir o recém-lançado livro Flordelis – A Pastora do Diabo (Matrix, 304 págs., R$ 69 a versão impressa), o último da trilogia Mulheres Assassinas, que envolve ainda as biografias de Suzane Von Richthofen e Elize Matsunaga, a primeira condenada por participação no assassinato dos pais e a segunda por ter matado e esquartejado o marido, Marcos Matsunaga. 

Após mergulhar no processo de 88 mil páginas de Flordelis, e de entrevistar mais de cem pessoas, entre parentes, amigos, advogados, seguidores e outros do entorno, Campbell descreve, com admirável riqueza de detalhes, trajetórias repletas de golpes e contradições, para dizer o mínimo, e que culminaram com o assassinato de Anderson do Carmo a mando da própria mulher, Flordelis, envolvendo filhos legítimos da autointitulada pastora.

“O livro desmonta a tese de que aquilo era uma família. Por isso escrevo filho sempre, em todas as vezes, entre aspas. A verdade: Flordelis montou uma organização criminosa”, afirma o autor. Pouco? Então confira o relato estarrecedor de Campbell, que inclui revelações sobre Suzane e Elize, nesta conversa exclusiva com o R7 ENTREVISTA:

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A vontade voraz de Flordelis de transar com todos os adotados que a atraíam prova que%2C ao olhar dela e de Anderson%2C aquilo estava longe de ser uma família. O casal era adepto do amor livre. Ela tinha o olhar do interesse sexual já ao selecionar para recolher na rua. Anderson%2C que antes namorava uma de suas filhas%2C era 16 anos mais novo. Hoje%2C aos 58%2C ela namora um jovem de 23. Começou a namorar o Anderson quando ele tinha 16. Ele namorou a filha dela%2C do primeiro casamento%2C dos 14 aos 16. Eram relações tão desprovidas de sentimentos maternais e paternais que os dois transaram com os adotados liberados. Um dava consentimento ao outro

(ULLISSES CAMPBELL)

Flordelis, Anderson e os 55 ditos filhos, entre eles quatro deles legítimos, eram uma família?

Ulisses Campbell – Não. Definitivamente, não. Quero deixar isso bem claro. O livro desmonta a tese de que aquilo era uma família. Por isso escrevo filho sempre, em todas as vezes, entre aspas. A verdade: Flordelis montou uma organização criminosa. Resgatava pessoas nas ruas de forma ilegal para atividades e posturas igualmente ilegais. Aquilo era uma empresa com ações incorretas e os ditos filhos nada mais eram do que empregados de Flordelis e Anderson. Não havia qualquer relação maternal, paternal ou fraternal. No início ainda dava para iludir alguns de que havia relação maternal de Flordelis com os quatro filhos biológicos. Mas no final, quando ela envolve filhos de sangue no assassinato de Anderson, um ajudando a arrumar a arma, outra pressionada para assumir o crime, neste ponto se percebeu que ela não formava uma família que mereça esse rótulo nem sequer com os filhos legítimos. O próprio fato da vontade voraz de Flordelis de transar com todos os adotados que a atraíam prova que, ao olhar dela e de Anderson, aquilo estava longe de ser uma família. Flordelis e Anderson eram adeptos do amor livre. No caso dos meninos, o interesse sexual de Flordelis funcionava já na seleção de quem resgatar das ruas. Todos são livres em suas escolhas afetivas, mas ela, é fato, sempre teve predileção por garotos, por novinhos. Anderson, que antes namorava uma de suas filhas, era 16 anos mais novo. Hoje, aos 58, ela namora um jovem de 23. Começou a ficar com o Anderson quando ele tinha 16. Ele namorou a filha dela, do primeiro casamento, dos 14 aos 16. Eram relações tão desprovidas de sentimentos maternais e paternais que os dois transavam com os adotados liberados. Um dava consentimento ao outro.

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Houve traição em algum momento?

De jeito nenhum. Não houve qualquer traição naquela casa. Eram adeptos desse tipo de amor livre. Não tenho nada contra ou a favor das escolhas sexuais dos outros, mas quando alguém sai do púlpito e vai para o suingue encarar sexo grupal, é incompatível com a prática e a doutrina religiosas que eles diziam pregar. Era um plano detalhadamente arquitetado para enganar as pessoas. Não há outra conclusão. Flordelis é um grande engodo. Uma farsa, um embuste nacional como mãe, pastora, deputada e cidadã com compromissos evangélicos. Só não o foi como cantora porque, efetivamente, cantava bem.

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O livro revela minúcias de várias passagens da vida de Flordelis, de Anderson do Carmo, dos filhos legítimos e adotados, com descrições, em inúmeros casos, até mesmo de condutas em encontros sexuais, como no caso em que Flordelis é surpreendida na cama com outro pelo primeiro marido e o convida a participar do ato. Como conseguiu fazer uma apuração tão detalhada?

Vou dizer algo que pode parecer estranho a boa parte das pessoas: Flordelis não era uma pessoa querida por muitos que a cercavam. Ela liderou o crime contra Anderson em 2019 e foi presa dois anos depois, em 2021. A prisão fez com que pessoas descontentes ficassem mais à vontade para falar tudo o que sabiam sobre ela e o assassinato. Principalmente o pessoal da igreja, os filhos, legítimos e adotados, e a família. No livro há vísceras da família expostas, mas foi tudo relatado pelos próprios familiares. Todos tinham medo dela pela dureza nas ações, as ameaças de Anderson e, depois, o poder como deputada, os discursos aos berros dizendo que jamais seria presa. Todo esse poderio começou a ruir com a perda do mandato e desabou de vez com a prisão. Depois disso, as pessoas, mesmo as mais próximas, sentiram segurança para contar histórias, episódios e atitudes inimagináveis e inacreditáveis, cabeludas, do arco-da-velha, de Flordelis e Anderson. Eu mesmo, com toda minha experiência, tive dificuldade para crer em algumas à primeira audição. Precisei confirmar de outras formas para legitimar.

Flordelis tem um poder acentuado de sedução. Neste ponto%2C é parecida com Suzane Von Richthofen. Resgatava crianças muito vulneráveis nas ruas. Essa vulnerabilidade%2C essa fragilidade%2C levava as pessoas a aceitar coisas absurdas. Seu modo operação era semelhante ao de João de Deus%2C que se apresentava como médium%2C mas hoje está condenado a mais de 233 anos de prisão por crimes sexuais e violação sexual mediante fraude

(ULLISSES CAMPBELL)

Flordelis liderou milhares de seguidores dentro e fora de suas pregações, arrancou dinheiro de muita gente influente, teve um filme sobre sua vida feito por artistas famosos sem cobrança de cachê, deu entrevistas para comunicadores experientes e foi a deputada federal mulher mais votada do Estado do Rio de Janeiro, e a quinta no geral fluminense, nas eleições de 2018. Como uma pessoa consegue enganar tanta gente por tanto tempo?

Ela tem um acentuado poder de sedução. Neste ponto, é muito parecida com a Suzane Von Richthofen (condenada que cumpre pena no presídio de Tremembé por envolvimento no assassinato dos pais, e também personagem principal do livro Suzane – Assassina e Manipuladora, um dos volumes da trilogia escrita por Campbell, fechada agora com a biografia de Flordelis). Ela resgatava crianças muito vulneráveis nas ruas. Essa fragilidade aguda levava as pessoas a aceitar coisas absurdas. O modo de operação da Flordelis, o modus operandi, é semelhante ao de João de Deus, que se apresentou por anos como médium, encantou famosos e anônimos nessa capa, e hoje está condenado a mais de 233 anos de prisão por crimes sexuais e violação sexual mediante fraude com mais de cem vítimas.

Explique isso.

A exemplo do que acontecia com João de Deus, as pessoas que procuravam Flordelis em busca de conforto espiritual acabavam por cair em sua falsa pregação e em suas chantagens materiais e sexuais porque estavam radicalmente fragilizadas e vulneráveis. Essa fragilidade, muitas vezes associada ao desconhecimento e à desinformação, facilitava o caminho para a aceitação do discurso falso. Essas pessoas se tornam presas fáceis. Quem não se rendia aos apelos de Flordelis ficava sem espaço na casa e nas pregações e era obrigado a pular fora.

Lucas%2C um dos adotados%2C que depois compraria a arma com a qual mataram Anderson%2C pouco antes de entrar na casa%2C pergunta a dois traficantes que moravam lá%3A “como é viver no espaço da Mãe Flor%3F”. Um deles responde%3A “olhe%2C é uma bagunça%3A o pai transa com a filha%2C a filha transa com a mãe%2C o irmão transa com a irmã%2C mas ao menos a gente tem quem chamar de mãe”. Ou seja%2C aquelas pessoas tinham carência fundamental de família%2C então se submetiam a essas coisas

(ULLISSES CAMPBELL)

Verdade. O livro traz exemplos disso.

Em minhas apurações não apareceu sexo entre irmãos de sangue ou entre Flordelis e Anderson com filhos legítimos. Se houve, não apareceram nas entrevistas e pesquisas. Mas o livro é rico em exemplos de fechamento de espaço a quem resistia aos apelos do casal. Um deles: ela ficou doida para transar com o André, que se negou e não teve outra opção a não ser sair da casa. Em outra passagem fortíssima, Lucas, um dos adotados, que depois compraria a arma usada para matar Anderson, pouco antes de entrar na casa, pergunta a dois traficantes que moravam lá: “como é viver no espaço da Mãe Flor?”. Um deles responde: “olhe, é uma bagunça: o pai transa com a filha, a filha transa com a mãe, o irmão transa com a irmã, mas ao menos a gente tem quem chamar de mãe”. Ou seja, aquelas pessoas tinham carência fundamental de família, então se submetiam a essas coisas. 

O livro: sexo, mentiras e manipulação com espantosa riqueza de detalhes
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Alguns casos de adotados impressionam muito. Um dos mais fortes é o da Marzy. Fale sobre ele.

Essa moça foi uma das últimas a entrar na casa. Teve uma vida tão desestruturada que passou a venerar Flordelis. Do tipo “faço o que for por ela”, a ponto de cometer crimes para Mãe Flor. Um deles foi tentar matar Anderson por envenenamento e depois contratar um matador para acabar com a vida dele, tentativas sem sucesso. Ao investigar a vida da Marzy, fiquei abalado com os tipos de abuso que ela sofria.

O que mais te chocou neste caso?

Essa menina começou a ser abusada na infância por um tio-avô, que continuou com os atos violentos na adolescência dela. No desenvolvimento de sua sexualidade, Marzy se apaixonou pelo tio-avô abusador sem se dar conta de que estava sendo abusada. Ela disse para mim: “o pior é que ele abusava e eu gostava, porque amava meu tio-avô”. Ela vivia em um ambiente degradado na casa dos pais, com alcoolismo, violência, e esse tio-avô a levava sempre para parques e shoppings. Nessas oportunidades, apalpava a menina, enfim... Agora olhe que coisa de cortar o coração: quando o tio-avô deu um tempo no abuso com ela e passou a violentar uma amiguinha, Marzy ficou com ciúme. Tão incomodada que tentou induzir o tio-avô a voltar a abusar dela. Disse isso olhando nos meus olhos. Era desse tipo de fragilidade extrema que Flordelis se alimentava.

Adolescente%2C no desenvolvimento de sua sexualidade%2C Marzy se apaixona pelo tio-avô abusador sem se dar conta de que estava sendo abusada. Ela disse para mim%3A “o pior é que eu abusava e gostava%2C porque amava meu tio-avô”. Ela vivia em um ambiente degradado e esse tio-avô a levava para parques e shoppings. Nessas oportunidades%2C apalpava a menina%2C enfim... Quando o tio-avô deu um tempo no abuso com Marzy e passou a violentar uma amiguinha%2C ela ficou com ciúme. Tão incomodada que tentou induzir o tio-avô a retomar os abusos contra ela. Era desse tipo de fragilidade que Flordelis se alimentava

(ULLISSES CAMPBELL)

Antes de Flordelis, você contou em livro as histórias de Suzane Von Richthofen e Elize Matsunaga. A primeira foi condenada por participar do assassinato dos pais e a segunda, por ter matado e esquartejado o marido, o empresário Marcos Matsunaga. Fale sobre elas.

Estava no presídio de Tremembé, no interior do Estado de São Paulo, quando Elize Matsunaga deixou a cadeia pela primeira vez, em uma daquelas saídas por alguns dias. As pessoas que estavam do lado de fora, e também detentos que se reuniam antes do portão, bateram palmas para ela. Até o pipoqueiro aplaudiu. Aquilo me deixou intrigado. Como festejam dessa forma uma mulher que matou e esquartejou o marido? Aí passei a investigar a vida dela. Descobri que, apesar do crime horrendo e confesso, muitos nutrem empatia por Elize, sobretudo mães e mulheres que sofreram ou sofrem violência de seus maridos e companheiros. Desconfio de alguns fatores que geram essa simpatia. Matou um marido extremamente violento com frequência e por um longo tempo, segundo os registros do processo. As primeiras saídas temporárias de Elize coincidiram com um período de altos índices de feminicídio e agressões a mulheres no Brasil, com ação forte das ONG de defesa dos direitos das mulheres, lembrando e condenando esses assassinatos e agressões em todos os canais de comunicação possíveis. Então, num ambiente em que muitos homens estavam matando mulheres, no fundo, pelo fato mero de serem mulheres em um país machista, uma mulher é presa por ter matado um marido abusador e violento por anos, de acordo com o processo, em um relacionamento tóxico, muita gente, de certa forma, entendeu e perdoou, para além de aprovar ou não um assassinato, o que é outra história. Em todas as mensagens que recebi de mulheres que leram meu livro sobre Elize Matsunaga, elas dizem que entendem porque ela fez o que fez. Muitas delas vão além: afirmam que fariam o mesmo. Digo sem medo de errar: Elize possui, de fato, um grande número de pessoas que a perdoraram e desejam sua renovação e fortalecimento na vida fora da cadeia, sobretudo entre mães e mulheres abusadas por seus maridos e companheiros.

Quando Elize Matsunaga foi presa%2C a filha dela era bebê de colo. Foi criada pelos avós paternos. A menina chama a avó de mãe e o avô de pai. Elize está em regime aberto. Seu grande objetivo é se aproximar da filha%2C explicar a ela porque matou seu pai%2C a coisa da violência e dos abusos constantes%2C e tentar sua compreensão e perdão. Isso gera uma compaixão em mães e mulheres que foram ou são agredidas por seus companheiros. Muitas me disseram que a entendem e várias foram além%3A afirmaram que fariam o mesmo

(ULLISSES CAMPBELL)

Por que mulheres mães?

Porque quando Elize foi presa, a filha dela era bebê de colo. A menia foi criada pelos avós, pais de Marcos. Chama a avó de mãe e o avô de pai. Elize está em regime aberto. Seu grande objetivo, e também o maior desafio, é se aproximar da filha, explicar a ela porque matou seu pai e tentar sua compreensão e perdão. Isso evidentemente não é fácil e produz muito sofrimento para as duas, mas especialmente para Elize. Mas gera também uma compaixão entre mulheres que são mães e também entre as que foram ou são agredidas por seus companheiros. E ainda entre homens que não suportam quem agride mulher.

E sobre Suzane Von Richthofen?

Quando ela conseguiu um habeas corpus, foi para a praia pular ondinha. Aquilo pegou muito mal. Como estava próximo do julgamento, os advogados dela temeram que a condenação pública influenciasse negativamente o jurado. Um dos advogados sugeriu, então, que ela fosse preparada para passar ao público, numa entrevista, a sensação de que tinha sido manipulada pelos outros dois envolvidos nos crimes, os irmãos Cravinhos, um deles seu namorado à época do assassinato. Tiveram a ideia equivocada de fantasiá-la de criança. Colacaram pantufas, roupas com desenhos infantis, estampa do Mickey e tons cor-de-rosa, maria chiquinha... Ela falava mole, com a voz afinada, um pouco esganiçada, infantilizada... Ela soltava uns sorrisos meio abobados... Mas o tiro saiu pela culatra porque, em determinado momento, ela se afastou dos repórteres da tevê e foi receber orientação de um dos advogados. “Chore”, ordenou ele. “Não consigo”, ela respondeu. “Se você não conseguir estará tudo perdido”, completou o advogado. O problema é que o diálogo deles foi captado à distância pelos repórteres, divulgado e o plano veio abaixo. Advogados que pertenceram à banca da Suzane dizem até hoje que o vazamento dessa conversa foi definitivo para a condenação.

Suzane%2C apesar das tentativas insistentes de seus advogados%2C não é autorizada a migrar para o regime aberto como ex-namorado Daniel Cravinhos. Por dois motivos%3A não consegue provar que está arrependida%2C o que Daniel conquistou%2C nem convencer de que jamais repetirá algo do tipo. Seus laudos dizem o seguinte%3A se ela tiver uma demanda pessoal importante e for submetida a fortes pressões do meio ambiente e das circunstâncias%2C seria capaz de cometer outro crime

(ULLISSES CAMPBELL)

Suzane está no regime semiaberto. Sai da cadeia por sete dias cinco vezes por ano: Páscoa, Dia das Crianças, final de ano e, para espanto geral, nos dias dos pais e das mães. Durante a semana, com autorização judicial, sai diariamente, à tarde, para estudar, e volta direto para a prisão. Elize ainda deve à Justiça, mas está em casa, no regime aberto: cumpre a pena em liberdade, mas com regras. Não pode beber, frequentar bar e casas noturnas, precisa obrigatoriamente estar em casa entre oito da noite e seis da manhã, entre outras proibições. Flordelis, recente de cadeia, ainda está no fechado. Solta, alguma delas poderá oferecer risco a mais alguém?

Não vou responder com minhas suspeitas e intuições, mas com as conclusões listadas nos laudos dos psiquiatras e especialistas que estudaram e ainda analisam os casos. Há um detalhe interessante. Suzane e e o ex-namorado, Daniel, cometeram o mesmo crime e pegaram a mesma pena: 39 anos e alguns meses de prisão. Daniel foi liberado pelos laudos psiquiátricos e psicológicos e está há seis anos na rua, em aberto. Mas Suzane, apesar das tentativas insistentes de seus advogados, não é autorizada a migrar para o mesmo regime. Por dois motivos: não consegue provar arrependimento, coisa que Daniel atestou, nem convencer de que jamais repetirá algo do tipo. Os especialistas dizem no laudo o seguinte: se ela tiver uma demanda pessoal importante, e for submetida a fortes pressões do meio ambiente e das circunstâncias, seria capaz de cometer outro crime.

E a respeito de Elize Matsunaga?

Provou logo de cara, nos exames, estar arrependida e não ser capaz de reincidir. Os critérios envolvem técnica e também subjetividade, mas ela conseguiu e, por isso, ao contrário de Suzane, está solta.

Por fim, Flordelis.

Está há muito pouco tempo na cadeia. Ainda não há uma conclusão neste sentido. Saberemos com o tempo.

Qual será seu próximo livro?

Ainda não decidi, mas pretendo agora fazer a biografia de um homem.

Obrigado.

Eu é que agradeço. Gostei muito do papo.

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