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Cirillo Luna: 'Meu trabalho em Reis consolidou gratidão por fazer algo que sempre quis na carreira'

Intérprete de Davi na superprodução da Record TV, o ator relembra mudança de carreira e comenta aprendizados com o protagonista

Entrevista|Thaís Silveira, especial para o R7 ENTREVISTA

Cirillo Luna diz que sua fé 'triplicou de tamanho' após estudar a vida de Davi
Cirillo Luna diz que sua fé 'triplicou de tamanho' após estudar a vida de Davi Cirillo Luna diz que sua fé 'triplicou de tamanho' após estudar a vida de Davi

Protagonista da superprodução Reis, da Record TV, o ator Cirillo Luna conta que a arte sempre esteve presente na vida dele, mas percorreu outros caminhos até decidir se dedicar exclusivamente à atuação. Desde que assumiu o papel do rei Davi na série, na quinta temporada da trama, ele já viveu muitas emoções — o primeiro desafio foi compartilhar o personagem com Gabriel Vivan, que interpretou o israelita durante a juventude.

Agora, o ator acabou de estrear a sexta fase, A Conquista, enquanto grava também a sétima temporada. "Acho que Reis consolidou essa gratidão por fazer algo que eu sempre quis", diz Cirillo. Em breve, na oitava fase, o artista vai passar o bastão para Petrônio Gontijo, que dará continuidade à história do grande líder de Israel.

Em um bate-papo com o R7 ENTREVISTA, Cirillo relembra sua trajetória até chegar ao papel principal em Reis. Ele também revela alguns dos aprendizados com o personagem bíblico, conhecido como o homem “segundo o coração de Deus” e aclamado até os dias de hoje.

"Sou uma pessoa que sempre teve muita fé, mas, depois de estudar e entender profundamente a vida de Davi, a minha fé triplicou de tamanho", destaca o ator.

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Acompanhe:

Como a atuação surgiu na sua vida, por que você saiu da odontologia? E como você concilia a vida de ator com outras atividades? Pelo Instagram, vemos que você nada, faz cerâmica, bolo

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Cirillo Luna — Eu me considero um artista desde pequeno. Amo ver filmes, teatro, ouvir música, sempre desenhei bastante também. Só que eu morava em uma cidade do interior e não tinha muitas possibilidades. A alternativa era sair da cidade, que era Macaé [RJ], para fazer direito, medicina... Lá não havia curso de teatro. Eu aprendi um pouco na escola, na 5ª e na 6ª séries, fiz teatro e cerâmica.

Quando eu saí de lá e vim para a cidade grande, comecei realmente a frequentar mais teatro e cinema, acabei fazendo um curso no meio da faculdade de odontologia. Comecei realmente a entender que era isso que eu queria para a minha vida. Então, odonto ficou em paralelo enquanto eu começava a fazer esses cursos.

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Quando terminei a faculdade, trabalhei durante mais um ano, mas eu já estava fazendo testes, publicidade e teatro. Até que eu tive uma pequena oportunidade e falei: "É agora que eu vou realmente me dedicar exclusivamente a isso". Foi mais ou menos assim a minha trajetória até realmente decidir viver só de arte.

Além das gravações, são muitas entrevistas no dia a dia de Cirillo Luna
Além das gravações, são muitas entrevistas no dia a dia de Cirillo Luna Além das gravações, são muitas entrevistas no dia a dia de Cirillo Luna

Imagino que as outras atividades fiquem um pouco de lado com tantas gravações.

É isso, eu sou uma pessoa muito ativa, eu nado, pedalo, faço ioga, cerâmica, bolo… Mas, desde janeiro, eu não tenho feito praticamente nada. [Estou indo] Dos estúdios para o hotel, do hotel para os estúdios.

Tenho muita saudade de fazer tudo isso, mas acho que ainda vou ter de esperar pelo menos uns dois meses para poder voltar a essa rotina de atividades extras.

Quero fazer ainda mais coisas, porque acho que isso também me ajuda enquanto ator e artista, só vai agregando ao conteúdo interno.

Agora [com Reis] é muita demanda física e emocional, não é?

Sim, agora é Davi, vida de Davi, esposas, valentes… Tudo o que gira em torno desse personagem.

Você assumiu esse papel na quinta temporada de Reis, em um momento crucial da perseguição de Saul (Carlo Porto). O que podemos esperar dele para essas duas próximas temporadas, que estão sendo gravadas ao mesmo tempo?

Davi passou praticamente a temporada inteira fugindo, porque estava sendo perseguido por Saul. Em A Conquista, ele se estabelece como rei de Hebrom e faz acordos políticos, que também vão levá-lo a ter outros relacionamentos amorosos. Ele vai formar a família dele, unificando-a e fortificando-a, então, vemos um Davi passando por situações mais psicológicas, vamos dizer. Ele praticamente não luta na sexta temporada.

Eu costumo falar que o Davi fica com os conflitos internos dele. Há muita conquista, de outros territórios, de esposas, e também há muitas perdas significativas durante a temporada, tanto da família quanto de pessoas do Exército.

É uma fase mais psicológica mesmo, comparada à quinta temporada, que foi uma mais física, muito dinâmica, o que volta a acontecer na sétima temporada. Ao mesmo tempo, os conflitos internos também só crescem. Então, vemos um Davi na sétima temporada sofrendo as consequências de alguns atos dele.

Sou uma pessoa que sempre teve muita fé%2C mas%2C depois de estudar e entender profundamente a vida de Davi%2C a minha fé triplicou de tamanho%2C porque [mesmo com] tudo o que ele passou%2C todos os percalços%2C as dificuldades%2C perdas%2C e também as coisas boas%2C em nenhum momento Davi questiona Deus ou perde a fé n'Ele.

(CIRILLO LUNA)

Davi é um papel grandioso. O que você tem aprendido com ele em todos esses meses de gravação?

Sem dúvida nenhuma, é a fé. Sou uma pessoa que sempre teve muita fé, mas, depois de estudar e entender profundamente a vida de Davi, a minha fé triplicou de tamanho, porque [mesmo com] tudo o que ele passou, todos os percalços, as dificuldades, perdas, e também as coisas boas, em nenhum momento Davi questiona Deus ou perde a fé n'Ele.

Eu, particularmente, já passei por algumas situações na minha vida que me fizeram questionar Deus. "É isso mesmo? Por que isso é possível? Acontece isso comigo, que tenho alguma crença, pratico o bem, e eu vejo muitas pessoas que não são assim e conquistam coisas, ou não passam pelo que estou passando". Enfim, são só alguns dos questionamentos que já tive, e são besteiras, comparadas à vida de Davi. Minha vida é tão boa. Sempre vamos ter dificuldades, porque nós somos humanos, os problemas vão existir para todos, mas comparado ao que ele viveu e passou…

Mas existem outras coisas que posso apontar também, a fidelidade dele com os amigos, que são os valentes, com a família. Ele quer ter uma quantidade grande de filhos e esposas, de alguma forma, exatamente para isso, para ter um lar fortificado, temente a Deus, porque ele sabe que vai passar os ensinamentos para os filhos.

São muitos aprendizados com Davi. Até mesmo pelo erro dele, pelo pecado. Sabemos que teve o grande pecado do personagem, que foi a traição com Bateseba [vivida por Paloma Bernardi]. Tenho pensado muito sobre isso. Estou mais ligado a essa conexão de saber o que é legal e o que não é para mim também, acho que é um pout-pourri disso tudo.

Cirillo Luna nos bastidores das gravações de 'Reis', que acontecem no Rio de Janeiro
Cirillo Luna nos bastidores das gravações de 'Reis', que acontecem no Rio de Janeiro Cirillo Luna nos bastidores das gravações de 'Reis', que acontecem no Rio de Janeiro

Você empresta um pouco de você, mas também leva um pouquinho dele.

É o que eu faço com todos eles, alguns mais, outros menos, dependendo da intensidade, do tempo do projeto. Mas todos os personagens que fiz, sempre procuro pensar sobre isso: "O que esse papel pode me acrescentar como ser humano", sabe? Tanto para o lado positivo quanto para o negativo, porque não fazemos só personagens bonzinhos, fazemos os cruéis também. Então, eu sempre tento, de alguma forma, trazer para minha vida, em cada produto artístico que eu faço, tento ver o lado humano daquilo.

Lembrando um pouco do início desse desafio, você dividiu o papel com o Gabriel Vivan. Como foi essa troca?

Fizemos muita preparação, eu e ele juntos, logo no início, antes de começar a gravar, inclusive. Passamos por algumas aulas de luta, de harpa, preparação de texto. Começamos a criar uma simbiose entre nós dois, e acho que só ajudou, tanto para ele começar a fazer o Davi quanto para mim, quando peguei o bastão dele. Foi muito legal passarmos por isso tudo juntos, porque começamos a construir juntos mesmo. Até gestual, jeito de se comportar, de sorrir, forma de falar… Então, isso tudo foi muito positivo.

Agora, vai ter a transição também com o Petrônio [Gontijo]. Até agora, não tivemos essa preparação. Adoraria poder passar para ele e receber dele, porque eu sei que o Petrônio também já está estudando, tem impressões do personagem. Foi tudo muito legal poder construir um personagem que começou com um ator, passou para mim e que, agora, vai passar para outro.

Davi (Cirillo Luna) toca harpa em cena da quinta temporada, A Perseguição:

Na sétima temporada%2C eu passo 70%%2C 80% da temporada chorando. Davi chora pela perda do filho%2C pelo que acontece com Urias e Bateseba… São cenas com carga dramática muito densa%2C pesada%2C requer emoção o tempo inteiro. Temos de estar muito preparados%2C descansados.

(CIRILLO LUNA)

Quais são os maiores desafios, tanto psicológicos e emocionais quanto técnicos, de viver um protagonista em uma série com um ritmo tão intenso como esse?

Em termos de dificuldade técnica, para mim, sem dúvida alguma, são as lutas. Sou um cara superpacífico, odeio brigar, até fiz caratê na minha infância, mas acho que até a faixa amarela, e, depois, falei: "Não quero mais isso, vou fazer outros esportes". Luta não é algo muito presente na minha vida. Claro que fizemos um treinamento, uma preparação, não foi nada cru quando começamos a gravar as cenas, mas confesso que tenho uma dificuldade. É tudo muito coreografado e preciso. Não podemos errar, porque podemos nos machucar e machucar o outro.

E obviamente há as dificuldades psicológicas também. Por exemplo, na sétima temporada eu passo 70%, 80% da temporada chorando. Davi chora pela perda do filho, pelo que acontece com Urias e Bateseba… São cenas com carga dramática muito densa, pesada, requer emoção o tempo inteiro. Temos de estar muito preparados, descansados, é preciso estar muito imbuído [da história], entendendo em que momento o personagem está inserido na trama, para saber que tipo de emoção é essa, se é por causa de perda ou raiva.

Sem dúvida alguma, essa dificuldade esteve muito presente na sétima temporada, em termos de lidar com a emoção do personagem e, consequentemente, com a minha.

Cirillo caracterizado como Davi: o desafio de gravar as cenas fora de ordem
Cirillo caracterizado como Davi: o desafio de gravar as cenas fora de ordem Cirillo caracterizado como Davi: o desafio de gravar as cenas fora de ordem

Até pela questão de as cenas serem gravadas fora de ordem.

Exatamente. Em um dia, tive três cenas que era só ele chorando, a outra, em seguida, era ele com os filhos superfeliz, levando os filhos para passear. Isso também nos deixa um pouco assim: "Vamos lá, vamos acessar a ‘chavinha’ e mudar completamente o estado emocional".

Quais diferenças você vê de outras produções que você fez, por exemplo, no teatro e no cinema?

Sem dúvida alguma, é o tempo. A televisão é uma indústria. Você tem de ir para casa estudar e, no outro dia, gravar não sei quantas cenas. Não tem tempo, a não ser quando nos é dado um momento inicial, antes de o projeto começar. Tivemos uma preparação. Mas, quando começa, é assim: "Vai". Não temos tempo de elaborar, às vezes, de criar mesmo, o que o cinema e o teatro permitem.

Para estrear uma peça, você passa no mínimo um mês e meio ou dois meses ensaiando. O que me apaixona no teatro é exatamente isso, é o processo, pegar um texto de 40 ou 50 páginas e estudar aquilo todos os dias até estrear. Quando começa, você sabe tudo sobre o personagem. Claro que, depois, descobre muita coisa fazendo também, entra o público, que uma dá resposta. O cinema também tem um pouco esse caráter mais artesanal da arte. Para fazer cinema, você ensaia muito antes. Então, para mim, essa é a principal diferença entre o teatro, o cinema e a TV, você estar inserido nessa indústria que é a televisão. É a maior dificuldade, na verdade.

Sempre fui muito grato pelo que eu faço%2C porque eu amo [o trabalho]. Agora%2C mais ainda%2C porque sempre pedi oportunidade para fazer televisão. Acho que 'Reis' consolidou essa gratidão por fazer algo que eu sempre quis. E%2C principalmente%2C por ser um personagem protagonista.

(CIRILLO LUNA)

Em linhas gerais, o que Reis representa na sua trajetória pessoal?

Representa tanta coisa. Em termos pessoais, aumentou a minha fé. Hoje em dia, acho que tenho um sentimento de gratidão pelo meu trabalho mil vezes maior. Sempre fui muito grato pelo que eu faço, porque eu amo [o trabalho]. Eu era dentista, troquei, nunca tive dúvida de que isso realmente era a minha vocação. Agora, mais ainda, porque sempre pedi oportunidade para fazer televisão. Já fiz muito teatro, fiz cinema, publicidade, mas TV, fazendo projetos do começo ao fim, aconteceu para mim de uns três anos para cá.

Acho que Reis consolidou essa gratidão por fazer algo que eu sempre quis. E, principalmente, por ser um personagem protagonista. Pessoalmente, é lidar com tanta gente ao mesmo tempo e poder construir uma família. Todo mundo é muito bacana, isso traz um conforto de criar amigos, fazer novas relações.

Em Gênesis [2021] também foi um pessoal muito legal com que eu contracenei, mas era um grupo mais reduzido. E em Reis, como sou protagonista e é muita gente, isso se intensificou na minha vida. Fiz muitas amizades, e isso, para o lado pessoal, também é muito rico.

Fazer um protagonista é muito interessante%2C porque dá uma visibilidade maior do seu trabalho para as pessoas%2C te projeta. Fazendo Davi%2C que é um personagem muito querido%2C [nas ruas] eu vejo o carinho que eles têm com esse personagem. É tudo muito positivo.

(Cirillo Luna)

Cirillo Luna durante ação de lançamento de 'A Conquista' na avenida Paulista, em São Paulo
Cirillo Luna durante ação de lançamento de 'A Conquista' na avenida Paulista, em São Paulo Cirillo Luna durante ação de lançamento de 'A Conquista' na avenida Paulista, em São Paulo

E profissional?

Aprender a lidar com essa indústria, de ter de preparar uma cena atrás da outra, para o dia seguinte. Meu tempo de estudo hoje é completamente diferente do que era antes, eu consigo decorar um texto com muito mais facilidade, comecei a perceber que estou entendendo mais o mecanismo de associação de palavras.

Fazer um protagonista é muito interessante, porque dá uma visibilidade maior do seu trabalho para as pessoas, te projeta. E o carinho do público também, já começamos [a receber], porque a quinta temporada já foi ao ar, imagina agora, com a sexta e a sétima. E fazendo Davi, que é um personagem muito querido.

[Nas ruas] Eu vejo o carinho que eles têm com esse personagem, foi diferente quando eu fiz o Esaú [em Gênesis], que era um vilão. Então, são muitas coisas. É tudo muito positivo. Claro que tem o lado negativo, que é a correria. Às vezes, ficamos realmente sobrecarregados, mais sensíveis. Mas os [pontos] positivos são muito maiores, com certeza.

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