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Zeeba: 'A música Hear Me Now não me animava antes de eu trabalhar com Alok. Mas depois virou história'

Após bater recordes mundo afora com 'Hear Me Now', canção de brasileiros mais executada na web, Zeeba lança o ótimo 'Tudo ao Contrário', seu primeiro álbum só com composições em português

Entrevista|Eduardo Marini, do R7

Em 'Tudo ao Contrário', Zeeba combina alegria e delicadeza com raro talento
Em 'Tudo ao Contrário', Zeeba combina alegria e delicadeza com raro talento Em 'Tudo ao Contrário', Zeeba combina alegria e delicadeza com raro talento

O cantor e compositor Marcos Lobo Zeballos, o Zeeba, é um jovem de classe média antenado, suave, educado, gente boa. Dono de uma conversa daquelas de se lamentar quando chega ao fim. Filho de uma publicitária e de um médico brasileiros, dividiu seus atuais 29 anos entre São Paulo e San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, onde nasceu, no período em que seu pai fazia um curso de doutorado. Tem as duas nacionalidades: a brasileira e a americana.

Aos 2 anos, foi trazido ao Brasil pela família. Cresceu em São Paulo e estudou em três dos melhores colégios da cidade — Santa Cruz, Miguel de Cervantes e Pio XII. “Minhas influências sempre foram da gringa [do exterior]. O fato de eu ser também americano facilitou isso”, lembra. Zeeba começou a compor aos 14 anos. Voltou aos Estados Unidos aos 18, para estudar música no Musicians Institute, em Los Angeles. Teve uma banda por lá, a Bonavox. Com ela ganhou um Grammy Amplifier, categoria do prêmio destinada a estrelas promissoras.

Mas o Brasilzão e o mundão médios, aqueles nem sempre dedicados às cenas eletrônica, indie e alternativa, só tomou conhecimento de Zeballos no início de 2016. Foi quando a usina mundial de hits chamada DJ Alok cruzou seu caminho no estúdio do cantor, compositor, ator e DJ Bruno Martini, em São Paulo.

Alok ouviu Zeeba cantar e gostou. Pediu a ele e a Martini algumas composições para avaliar. A dupla mandou cinco. Entre elas estava Hear Me Now (Ouça-me Agora), escolhida por Alok. “Era a que menos agradava ao Bruno e a mim”, confessa publicamente Zeeba pela primeira vez. “Mas Alok, com seu faro absurdo, provou estar certo.”

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O trio assinou a versão eletrônica de Hear Me Now e, na voz de Zeeba, a música foi lançada. O resto é história — e a história começa pelo seguinte: cerca de 600 milhões de execuções no Spotify até o momento. A música de brasileiros mais executada naquela plataforma e a primeira a atingir 500 milhões de audições por lá.

Mais? Quase 400 milhões de visualizações do videoclipe no canal oficial da gravadora responsável pela gestão desse míssil musical literalmente intercontinental, a holandesa Spinnin’ Records. Logo em seguida veio outra explosão com as digitais do trio em pistas e plataformas brasileiras e internacionais, com a música Never Let Me Go (Nunca Me Deixe Ir). Zeeba está também no ranking da revista americana Billboard, especializada na indústria musical, como um dos brasileiros mais ouvidos em todo o mundo.

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Com a passagem do tsunâmi, Zeeba colheu prêmios pelo mundo, entre eles um disco duplo de platina na Itália e outro, de ouro, na França. Nesta entrevista exclusiva ao R7, ele relembra a história e dá detalhes do lançamento e da turnê de show de seu novo álbum, o ótimo e plural Tudo ao Contrário, disponível nas plataformas musicais, o primeiro do artista totalmente em português.

São nove faixas com vários parceiros. Boa parte deles faz participações também na turnê de lançamento do álbum. O próximo show será no dia 21 no Blue Note, em São Paulo. “Depois faremos apresentações em teatros pelo Brasil. Sempre cantei e toquei em espaços maiores, clubes, mas esse trabalho pede algo mais intimista. Daqui a pouco divulgaremos a agenda em minhas redes sociais. É só buscar Zeeba que vem tudo.”

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Acompanhe:

Vamos falar muito sobre seu novo álbum, Tudo ao Contrário. Mas, antes, o inevitável: conte em detalhes como foi a história do seu estouro mundial com Hear Me Now (Ouça-me Agora) e, em seguida, com Never Let Me Go (Nunca Me Deixe Ir). Como o destino abriu um sorriso desse tamanho para você?

Zeeba – Em 2016, pouco depois de voltar ao Brasil, ampliei minha parceria musical com o cantor, compositor, produtor, DJ e ator Bruno Martini. Num dia, estávamos trabalhando algumas bases e letras no estúdio do Bruno quando o Alok apareceu. Bruno nos apresentou. Logo depois, ele me ouviu cantar algo e gostou. Perguntou se Bruno e eu não estaríamos a fim de mandar algumas composições para ele conhecer e, quem sabe, desenvolver.

Aí?

Dias depois, mandamos cinco composições. Vou contar à galera do R7 Entrevista duas coisas curiosas que talvez nem o Alok saiba. A primeira: Hear Me Now era, das cinco, a que menos gerava expectativa em mim e no Bruno. É bonita, claro, a letra que fiz retrata um pai que pede ao filho para ouvi-lo, mas as outras quatro nos empolgavam mais. O Alok, com seu faro, acertou.

Das cinco músicas que mandamos para Alok%2C 'Hear Me Now' era a que menos gerava expectativa em mim e no Bruno. É bonita%2C claro%2C a letra que fiz retrata um pai que pede ao filho para ouvi-lo%2C mas as outras quatro nos empolgavam mais. O Alok%2C com seu faro%2C acertou

(Zeeba)

A segunda, por gentileza.

Quando Alok nos mostrou a primeira versão de Hear Me Now, ainda não totalmente acabada, mas com muitas coisas próximas do que foi a final, Bruno e eu, novamente, não nos empolgamos com o resultado ao primeiro contato. Talvez influenciados pelo fato de ela não estar inicialmente entre as prediletas do grupo que enviamos a ele. Mas logo depois Alok caminhou para a versão que se conhece hoje e provou, uma vez mais, que estava com o faro afiado.

E depois?

Lançamos a versão eletrônica de Hear Me Now, assinada por nós três, e o resto... Bom, o resto da história é o que se conhece. Execução maciça no mundo inteiro, prêmios e, claro, muito orgulho. Quem sou eu para discordar do mundo.

Agora vamos a Tudo ao Contrário, seu novo  e belo  álbum.

Ele foi feito na pandemia – e muita coisa mudou do início ao fim. No começo, os sons produziam uma atmosfera mais triste, até pelos efeitos gerais da pandemia em todos nós e em mim, particularmente. Perdi meus avôs paternos, que estão entre as pessoas que mais amei e mais me amaram, no período mais duro da Covid no Brasil. Meu avô foi contaminado no hospital e morreu da doença. Minha avó se foi por outros problemas, mas em meio àquele clima pesadão para geral. Todo mundo ficou mais triste, preocupado e reflexivo, não é?

Sim. Como ocorreram as mudanças?

Como não era possível fazer shows e reunir público, para mim foi um período de criação e composição. Escrevi muita coisa. Várias músicas desse período ficaram de fora do álbum. Uma parte, feita antes em inglês, não combinava com a proposta. Outra porque lembra o período mais angustiante da pandemia, o que não tem a ver com o momento atual do lançamento e dos shows deste novo trabalho. Depois, com as vacinas e a melhora do cenário para todos, aqui e no mundo, caminhei com o álbum para um clima mais leve, de renovação de esperança, um certo renascimento com uma ou outra pitada de otimismo.

Sem poder fazer shows, Zeeba idealizou e produziu todo o novo álbum durante a pandemia
Sem poder fazer shows, Zeeba idealizou e produziu todo o novo álbum durante a pandemia Sem poder fazer shows, Zeeba idealizou e produziu todo o novo álbum durante a pandemia

Você conduziu o álbum da tristeza, ou da melancolia, para a alegria?

De certa forma, sim. Para começar, é meu primeiro todo em português. Tem um lado indie rock, a cena alternativa, enfim, as minhas formações iniciais. Mas tudo isso misturado com muita brasilidade, mesmo porque eu queria dar uma satisfação, no bom sentido, aos brasileiros que passaram a pesquisar para entender quem era esse brasileiro/americano que passou a ser tido como a "voz brasileira mais ouvida do mundo", em muitas estatísticas, a partir do estouro de Hear Me Now e de Never Let Me Go. O álbum tem início, meio e fim. Por isso não gravei algumas músicas anteriores, feitas em inglês, apesar de serem boas.

É bem alegre no início.

Verdade. Começa superproduzido, com reggae, partes dançantes. O pior da pandemia tinha passado e veio a vontade de celebrar. No refrão da faixa-título, a música Tudo ao Contrário, mando "o mundo todo errado/talvez tudo ao contrário/eu tô feliz pra..." E aí, na euforia, tasco um palavrão (risos). Depois, surge um clima mais reflexivo, intimista, para dentro, acústico, new bossa, com referências à bossa nova e ao som eletrônico, mas sem perder o ambiente de renovação de esperança. Um pouco influenciado por um papo que tive com meu avô pouco antes de sua morte.

Como foi a conversa?

Ele dizia: "Filho, como passa rápido...". Falava da vida. A Passeio, do álbum, trata disso. Se é tão rápido, vamos aproveitar o tempo com coisas boas, sem desperdício. Para você ter ideia, a última música, Quem Sabe por Aí, foi gravada em um iPhone. Gravamos um take para demonstração. Quando produzimos a faixa no estúdio, achei que a essência pessoal da primeira gravação havia se perdido. Decidi manter a versão demo do iPhone, com som de canto dos passarinhos no sítio aonde estávamos e tudo o mais. Ficou bonito.

E os clipes?

Foram gravados em São Paulo, na casa dos meus avós que morreram. Eles documentam a memória afetiva que guardo deles e daquele espaço. Ótimo que o Brasil e o mundo estejam vencendo a batalha contra a Covid, apesar das recaídas recentes. Esse álbum é a minha reflexão sobre a alegria de retomarmos a confiança e voltarmos a conviver com quem a gente gosta.

O álbum tem um lado indie rock%2C alternativo. Mas isso misturado a brasilidade. Queria que as pessoas entendessem quem era esse brasileiro%2Famericano que passou a ser tido em muitos lugares como a ‘voz brasileira mais ouvida do mundo’. O álbum tem início%2C meio e fim. Por isso não gravei algumas músicas anteriores%2C apesar de serem boas

(Zeeba)

Por falar em convivência, outro sintoma de seu prazer de retomar os contatos sociais é a quantidade de parcerias nas composições e interpretações.

Exatamente. A faixa-título tem participação do cantor, compositor e rapper Nanno, com sua pegada hip hop. Só Pensando em Você é uma parceria com a Mallu Magalhães, de quem sou amigo dos tempos de escola. Clarissa canta lindamente comigo O Quanto Eu Gosto de Você.

Entre composições e participações especiais no álbum e nos shows, há um time imenso e de primeira. Bruno Martini, meu parceiro, Nanno, o duo OutroEu, de Guto Oliveira e Mike Tulio, Carol Biazin, o NxZero Gee Rocha, com uma bela produção de uma faixa, Mariana Nolasco, Pedro Calais... Vou parar por aqui, mas não me esqueci de quem não citei.

De música brasileira, do que você gosta?

De muita coisa. Alguns: Jorge Ben Jor, Cássia Eller e Charlie Brown Jr. são inspirações. Dos novos, gosto muito de Jovem Dionísio, Gilsons, Lagum. E das cantoras Marina Sena e Glória Groove, essa última um gênio da composição.

O próximo show será em 21 de junho%2C no Blue Note%2C em São Paulo. Haverá outros. Divulgaremos a agenda brevemente. No Brasil e fora daqui%2C sempre me apresentei em espaços maiores%2C clubes%2C ao ar livre. Toquei no maior festival mundial de música eletrônica%2C o Tomorrowland%2C coisas do tipo. Mas esse trabalho pede ambientes mais intimistas. É só buscar Zeeba na internet e nas redes sociais que vem tudo

(Zeeba)

Como está a turnê de lançamento e quais os planos musicais para depois deste álbum?

Fizemos o primeiro show. O próximo será no dia 21 de junho, no Blue Note, em São Paulo. Haverá outros, em locais que permitam um clima mais intimista. Lançaremos a agenda em minhas redes sociais em breve. No Brasil e fora daqui, sempre me apresentei em espaços maiores, clubes, ao ar livre. Toquei no maior festival mundial de música eletrônica, o Tomorrowland, coisas do tipo. Mas esse trabalho pede ambiente mais pacificado. É só buscar Zeeba na internet que vem tudo.

Novos projetos?

Lançarei novas músicas e parcerias ainda em 2022. Teremos novos trabalhos pontuais com Alok e Bruno Martini e novas parcerias de composição e interpretação com os amigos. Em relação aos meus próximos álbuns autorais, deverei ficar nessa linha do Tudo ao Contrário. Ao menos por enquanto a intenção é essa. Não fiz um álbum assim para renegar minhas influências alternativas, longe disso. Mas quero convencer mais gente de que posso agradá-los, posso ser bacana para eles.

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